TECNOFEUDALISMO: O DOMÍNIO DAS MEGAS-PLATAFORMAS

Tecnofeudalismo, termo criado por Cédric Duran, economista francês e professor na Sorbonne, é um especialista na organização da economia mundial e da dinâmica do capitalismo: empresas multinacionais, deslocalizações, globalização, cadeias mundiais de produção. Duran criou este termo para explicar o domínio das mega-plataformas como a Google, Uber, AirBnB, entre outras, que em breve, pode não haver vida econômica fora do território dos gigantes. Estes gigantes criaram dependência e controle muito mais graves que os da era industrial. As novas tecnologias são completamente o contrário do que prometem.

O mito do Vale do Silício se derrete diante de nós: acumulação escandalosa de lucros, tecnoditadores, desigualdades sociais incabíveis, desemprego crônico, milhões de pobres adicionais e um punhado de tecno-oligarcas que acumulam fortunas jamais vistas. A tão badalada “nova economia” deu lugar a uma economia da dominação e desigualdade.

Durand, em seu livro, projeta uma viagem na contramão, uma desconstrução dos mitos tecnológicos: a digitalização do mundo não conduziu ao progresso humano, mas a uma gigantesca regressão em todos os âmbitos: restauração dos monopólios, dependência, manipulação política, privilégios e uma tarefa de predação global são a identidade verdadeira da nova economia.

Fontes e Imagens: Outras palavras

PESSOAS FELIZES NÃO PRECISAM CONSUMIR

Serge Latouche, filósofo, nascido na França há 70 anos, o ideólogo do decrescimento, estudou como nossa sociedade criou uma religião em torno do crescimento e do consumismo. Latouche salienta que o ritmo atual de crescimento da economia global é tão insustentável como a deterioração e a falta de recursos no planeta.

Na sua opinião, se a queda do crescimento não for controlada, “a queda que já estamos experimentando” será o resultado do colapso de uma forma insustentável do capitalismo, e também será excessiva e traumática.

A partir de um projeto qualificado como “ecossocialista”, além de consumir menos, a sociedade deve consumir melhor, para qual propôs que se produzisse perto de onde mora e de forma ecológica evitar que por qualquer fronteira circule milhares de caminhões transportando comida.

Ele lembra com um louvor ao estoicismo representado por Sêneca: “A felicidade não é alcançada se não podemos limitar nossos desejos e necessidades.”

Fontes e Imagens: Pensar Contemporâneo 

MERITOCRACIA É UMA BALELA

Anna Wiener, jovem escritora americana de Nova York (32 anos) que estudou sociologia, diz com todas as letras que “o conto da meritocracia na indústria tecnológica é uma balela”, autora de Uncanny Valley (“Vale da Estranheza” numa tradução livre). Ainda sem tradução para o português.

Escritora chegou à Califórnia em busca da promessa de felicidade e de que venceria “apenas” pela sua competência, se viu em um universo ferozmente competitivo e machista do Vale do Silício, o berço da tecnologia digital, onde surgiram grandes empresas como Apple e Google .

O livro é a sua própria vivência no interior do Vale do Silício, o mundo das tecnológicas e da cultura do trabalho e empreendedorismo que San Francisco exportou para o restante do planeta. Wiener, acreditava e defendia a meritocracia, mas em menos de três anos passou a ser uma apóstata. Ela fala no “conto da meritocracia, essa crença tão popular aqui de que ideias e trabalho árduo serão suficientes para fazer com que as pessoas sejam naturalmente escolhidas por seus talentos é uma das maiores balelas que já surgiram na indústria de tecnologia”.

O Vale se tornou um local anti-intelectual, acredita Wiener que recompensou a velocidade e a capacidade de monetização acima da contemplação e da pesquisa. A cultura da intelectualidade é superficial. “É movido pela filosofia gerencial e de interesse do capital. É muito interessante que os grandes pensadores do Vale do Silício sejam capitalistas de risco. Isso é muito estranho para mim, mas muito americano. É assim que se consegue que alguém como Mark Anderson se torne um pensador. E quem é Anderson? Um empreendedor que teve um trabalho muito importante com buscadores. Fez muito dinheiro quando jovem e passou para o venture capital.

Fontes e Imagens: El País