ÚLTIMO DIA EM VARGEM

Imagem de Carlos Pojo Rego

Vargem Grande do Sul, domingo, 8 de janeiro de 2023. Pela manhã estava eu a ler o bom livro de Fernando Pessoa, o Livro do Desassossego, na praça central de Vargem Grande do Sul, no estado de São Paulo, no último dia, a noite tenho de preparar minha viagem de volta a Brasília, de ônibus, via Ribeirão Preto. 

Na praça central da cidade, pude sentir mais uma vez como a vida do interior tem aquela maneira gostosa e tranquila no seu cotidiano. 

Não posso esquecer o que aconteceu em Brasília, e nem deixar de flar, que acompanhei pelos noticiários da televisão. Fiquei muito preocupado com o vandalismo desenfreado e a irresponsabilidade das pessoas que participavam do manifesto e dos governantes em relação à preocupação à preservação do patrimônio público. Muito ódio e falta de civilidade. Uma tragédia brasileira, para ser lembrada por muitos anos

Um grande número de pessoas me perguntam quanto eu gasto, por mês, para poder viver assim, por isso, estou a fazer desde o dia 1 de janeiro deste ano, a contabilidade das minhas despesas diárias e a soma acumulada do mês até o dia. Vamos ver abaixo.

Tinha me esquecido da data do dia e acabei de comprar meio em cima da horas os bilhetes dos ônibus para Brasília e já não tinha mais vaga no Buser, aquele do aplicativo tipo Uber, que é bem mais barato. Vou viajar na segunda, dia, 9, para isso comprei pela internet, duas passagens uma entre Vargem Grande do Sul, SP, a sair às 9h45 e chegada a Ribeirão Preto às 12h45, pela Rápido d’Oeste, custou R $68,78 e entre Ribeirão Preto, SP, pela Real Expresso, com o custo de R $299,24. 

Fui arrumar as mochilas, comemos com meus amigos um jantar delicioso e fui dormir cedo. Só para constar a chuva continua. 

Foram gastos no dia R $368,02, com as comporar das passagens de ônibus de Vargem até Brasília. Acabei por pagar mais caro pela volta, pois deixei de comprar na úçltima hora e não havia mais lugar nos ônibus da Buser, que me sirva de lição. A despesa acumulada até o dia 8 foi de R $679,93.

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MEU QUARTO

Imagem de Carlos Pojo Rego

Estou em um quarto excelente, não estou a pagar nada, trata-se da morada do meu irmão dois anos mais moço. Os críticos de plantão, podem achar que isso é viver à custa dos outros, mas fui convidado para passarmos o Natal nós dois juntos e com parte da família dele. Cheguei dia 18 de dezembro, e vou partir no dia 2 de janeiro.

Do meu quarto tenho uma boa vista para uma espetacular mata atlântica, muito bem conservada, pelo fato que o condomínio ainda tem muitos lotes a construir e o dono que aqui mora, pretende não vendê-los tão cedo. A natureza agradece esse senhor.

A família com o passar dos anos tem para mim um peso cada vez maior, mesmo com os atritos “normais” de todas as famílias é sem dúvida um porto seguro onde passado e presente se misturam de uma forma temporariamente harmônica. Mas não deve-se exagerar duas semanas é o limite máximo, o ideal é uma semana, pois essa mistura do passado com o presente em um curto espaço de tempo se desestabiliza e torna-se um transtorno.

Uma boa maneira de garantir essa harmonia familiar era como sempre fazia meu tio avô Papo, de origem sueca, quando chegava algum hóspede da família ou amigo em sua casa, ele perguntava: Qual dia você vai embora? Quando respondia que ia ficar uma semana, acredito que ele pensava, está preservada a harmonia familiar.

MINHAS ROUPAS DE INVERNO E CHUVA

Foto de Carlos Pojo Rego

Dentro das minhas duas mochilas incluídas nos 50 itens, que são todos os meus bens pessoais, tenho algumas roupas e acessórios que utilizo apenas no inverno e nos dias chuvosos. Para mim já começo a “bater o queixo” (sentir frio) em  localidades com menos de 10 graus centígrados. Agora que estou no sul do Brasil em pleno inverno, os itens abaixo passaram com louvor no teste do frio. 

São cinco os itens para o frio; 1) um par de luvas forradas, 2) um cachecol de lã, que foram presentes da Liane, amiga buziana leopoldense, 3) Ceroulas da  Hering – R$ 69,99 (2 unidades), 4) Meias (par) de lã (3 unidades) para ski na Decathlon – R$ 29,99, e meu super 5) Casaco jaqueta de inverno forrado da Quechua – R$ 499,99, com um simpático teste impresso que foi aprovado para uso a menos 10 graus. Tenho também uma bota para trilha que funciona muito bem para o verão e também para o inverno, a bota Montanha da Bradok – R $369,90.

Tenho os itens que são específicos para chuva; 1) Capa de chuva para a mochila de 30 litros da Forclaz 30 – R$ 49,99, 2) Capa de chuva para a mochila de 50 litros da Forclaz 50 – R$ 49,99, 3) uma capa de plástico da Quechua, tipo poncho por R$ 149,99 (não achei no sítio da Decathlon, esse produto que comprei na loja em Porto Alegre), 4) um par de botas de borrachas (Galochas – R$ 99,99) para todo o terreno. Todos os produtos para chuva foram comprados na Decathlon, a minha loja francesa, sou fã dela desde o tempo que morei na França, uma loja especializada em produtos para viver com a natureza. 

Apesar de minimalista e de propor uma vida simples, não vou acabar com as fábricas e gerar desemprego no mundo e nem exterminar o capitalismo mundial. Vou continuar a adquirir produtos de alta qualidade comprovados e que durem muitos anos. Um esclarecimento aos amantes do capitalismo de alto consumo enrustidos ou não.

Fontes e Imagens: Carlos Pojo Rego e Decathlon

COMO VIVER COM 50 ITENS – ANDANTE DIGITAL

Minha filha, que mora na Suíça, me perguntou se eu poderia explicar como é possível alguém viver com “somente” 50 itens. Estes itens são meus únicos bens, meu inteiro patrimônio, e cabe nas minhas duas mochilas. A proposta é viajar trabalhando (online), no conceito do nômade digital, que vive de cidade em cidade, sem programação ou tempo preestabelecido. Vale qualquer cidade desde que seja pequena (municípios com menos 10.000 habitantes). 

Além dos 50 itens, que são bens duráveis, eu tenho os insumos (bens não duráveis). São produtos que utilizo para minha higiene pessoal (sabonete, shampoo), para lavar roupa (sabão em pó), para a saúde (remédios), para dormir (quarto ou kitnet), trabalhar (internet) e na minha alimentação nas refeições prontas ou produtos alimentícios (leite, manteiga, pão). 

Para não perder o velho hábito de ser “metido” a professor, eu dividi os 50 itens em seis grupos de uso, apesar de três grupos não terem itens de bens duráveis, apenas bens não duráveis ou serviços. Vamos aos itens:

O primeiro grupo é dos itens para a minha Alimentação (Comer): 01) Conjunto de alimentação de bambu (garfo, colher e faca) com bolsa de tecido, 02) Garrafa de metal, 03) Marmita de inox, 04) mergulhão ebulidor elétrico, 05) Caneca esmaltada.

O segundo grupo, o mais numeroso, que engloba os itens de higiene, saúde e vestuário é o Bem-estar (Bem-estar), eles são: 06) Bolsa impermeável para os itens de higiene e saúde, 07) Cortador de unha, 08) Lixa metálica de unha, 09) Máquina elétrica de cortar pelos, 10) Porta escova de dente de bambu. Na mochila grande ficam as peças do vestuário de verão: 11) Mochila Quechua 50 litros,  12) Boné da Hering, 13/14/15) Cuecas Slip (3 unidades), 16/17/18) Meias (3 unidades), 19) Suéter malha fina Hering, 20) Suéter malha grossa Hering, 21) Bermuda, 22) Bota (par) de montanha, 23/24) Calça Jean da Levis 501 (2 unidades), 25) Calça moletom, 26/27/28/29/30) Camiseta Hering (5 unidades), 31) Capa chuva tipo poncho, 32) Cinto, 33) Galocha (par) chuva , 34) Sandália (par) Havaiana, 35/36) Tênis (par) New Balance ML501 (2 unidades), 37) Toalha. Para completar o vestuário de inverno: 38) Casacão com forro, 39/40) Ceroulas (2 unidades), 41) Luvas (par) de lã.

Os próximos três grupos não tem itens entre os 50. O terceiro grupo, a Educação (Educar) os “itens” são passeios na natureza, visitas culturais (galerias, museus, artesanatos), experiências gastronomicas entre outras. Tenho um compromisso de ler um livro por mês e depois doá-lo a uma biblioteca local ou troca-lo em um sebo. Este mês estou lendo Nomadland de Jessica Bruder, que tem haver com a minha proposta de vida. O quarto grupo, a Habitação (Morar), não tenho também nenhum item, pois, vou morar em quartos alugados e com tudo que preciso, cama, armário, roupa de cama, etc. O ideal é este local ser em uma casa de uma família típica das cidades que vou conhecer. Normalmente é permitido que eu use a cozinha, a lavanderia e em muitas vezes liberam o acesso a Internet. O quinto grupo é a Mobilidade (Andar), vou fazer meus deslocamento nas cidades (curta distancia), a pé e quando viajo entre cidades uso sempre transporte coletivo.

O sexto grupo e último, o Trabalho (Trabalhar) é online (escrevendo um blog e um livro, gerenciamento de projetos com a captação de recursos financeiros para ONGs). Este trabalho pode algumas das vezes se tornar presencial, que gosto muito, pois me aproxima dos moradores das cidades em que passo. Segue os itens: 42) Mochila Quechua 30 litros, 43) Bastão de selfie com tripé com controle remoto, 44) Bateria Externa Sansung 10.000 para o telemóvel, 45) Caixa de Som JBL, 46) Canivete Swiss Vermelho, 47) Envelopes estanques para documentos, 48) Oculos, 49) Notebook Dell, 50) Celular (Telemóvel) Motorola One Fusion. 

Como bem disse o escritor norte-americano, Mark Twain; “Daqui a vinte anos  você estará mais desapontado pelas coisas que você não fez do que pelas que você fez. Então jogue fora as amarras, navegue para longe do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra.” On the road

Fontes e Imagens: Carlos Rego