TERRAPLANISTA: O CASO EXTREMO DE UM FENÔMENO

Não acreditar que a Terra é redonda é um fenômeno da nossa época. Desconfiar dos dados, enaltecer a subjetividade, rejeitar o que nos contradiz e acreditar em falsidades.

Rejeição da ciência e dos especialistas, narrações maniqueístas que explicam o complexo em tempos de incerteza, entronização da opinião própria acima de tudo, desprezo pelos argumentos que a contradizem, difusão de falsidades graças aos algoritmos das redes sociais que colocam ideias não realistas, com muito vistas, nos primeiros lugares das pesquisas. 

Assim surge uma crença generalizada de conspirações e essas estão associadas a várias atitudes, como as racistas, ao menor uso de preservativos frente à aids e contras as vacinas, como exemplo. Todos os terraplanistas acreditam em diversas teorias conspiratórias ao mesmo tempo, inclusive contraditórias entre si.

Mas essas crenças de conspirações não surgem do nada; existem fatores sociais que influem de maneira determinante. As pessoas que se sentem impotentes ou desfavorecidas têm mais probabilidade de apoiá-las, como minorias étnicas marginalizadas. Tais noções se correlacionam com o pessimismo ante o futuro, aviresimples, simplicidadevoluntaria baixa satisfação com a vida e a pouca confiança interpessoal. Para piorar crescem as disparidades sociais entre os que têm mais privilégios e mais carências. 

A partir disso, encontramos mecanismos psicológicos pelo desejo de histórias ordenadas, que ofereçam certeza e visões simplificadas do mundo, pode trazer comodidade e a sensação de que a vida é mais controlável, como resume Asheley Landrum, da Universidade Texas Tech. 

Assim, as pessoas conseguiriam evitar os altos e baixos da existência, apostando em uma realidade pura, simples e plana. Como a Terra, segundo querem acreditar.

Fontes e Imagens: El País