SEIXAL, MENOS TURISTAS

Imagem por Carlos Pojo Rego.

Acordei bem cedo, ansioso para ver minha filha Paty, que está na Suíça, e dirigi-me ao Cais do Sodré, onde peguei um catamarã para uma rápida travessia pelo Tejo, até Seixal, durou 15 minutos.

Na estação náutica, segui a pé até ao centro antigo, uma área encantadora com poucos turistas, e parei e li a minha “bíblia moderna“, voltei a ler pelo menos 30 minutos todo dia.

De volta à estação fluvial, vi que o próximo barco só partiria às 13h30, então optei por dar uma volta, acabei por apanhar um autocarro que me levou até à estação de comboio de Penalva, uns 30 minutos dali.

Lá, embarquei num comboio da Fertagus, empresa privada responsável, também, pela exploração ferroviária em Portugal, com destino a Lisboa. 

Preparado com a câmera do meu telemóvel (celular)*, antecipei a passagem pela ponte 25 de Abril, a desfrutar de mais uma bela vista do Tejo.

Utilizei no último dia em Lisboa o meu cartão Navegante, válido até 31/05/2024, para viajar em todos os meios de transporte: elétrico antigo, catamarã, autocarro, comboio e elétrico articulado (15E).

Almocei tarde no restaurante do Luiz, onde vou deixar a chave do apartamento. 

Gastei 10€ numa refeição honesta e saborosa, incluía uma jarra de vinho da casa, pão, azeitonas, arroz, batata folhada, carne, salada de tomate, alface, cebola e um café expresso.

Em seguida, voltei para casa para fazer alguns pagamentos no meu banco brasileiro (cartão de crédito) e enviar euros para a conta do Wise. 

Também planejo levantar dinheiro no Multibanco para trocar por francos suíços no aeroporto, para ter como pagar o metro ou Uber.

Finalmente, terminei de arrumar a casa e as minhas mochilas, para estar amanhã cedo no aeroporto. 

Acabei de falar com a minha filha para confirmar os detalhes de como chegar à casa dela em Zurique e ela me disse que vai me buscar no aeroporto, mas como diz o ditado, mais vale prevenir do que remediar, então vou levar alguns euros extras.

Bis morgen Freunde (Até amanhã, amigos)

(*) São palavras utilizadas no português falado no Brasil, 

Despesas em 29 dias que estão em 457,43€  ou 15,77€ por dia. 

SINTRA, O MONTE DA LUA

Imagem por Carlos Pojo Rego.

Logo cedo, apanhei o metro no Paço do Rato (linha Amarela) e depois segui pela linha vermelha em direção ao aeroporto até a estação Oriente.

De lá, caminhei até a Decathlon, que fica a 1,5 km de distância, e comprei uma bota de trilha, já que meu único tênis está um pouco desgastado e escorregadio em dias de chuva. 

Como cheguei um pouco antes na loja, pedi um café expresso na cafetaria, que custou 0,80€.

Também adquiri um calção de banho e uma toalha de microfibras, então estou pronto para curtir a praia e fazer trilhas na montanha.

Gastei 6,90€ no calção de banho, 8,90€ na toalha de microfibras e 65,00€ na bota de trilha, total de 80,80€. 

Na hora de pagar, existem vários caixas automáticos, não existem mais caixas tradicionais com atendentes.

Refletindo sobre o livro de Domenico de Masi, “Uma Simples Revolução – trabalho, ócio e criatividade”, percebo como precisamos aprender a viver além do trabalho tradicional e das novas tecnologias.

Ao retornar para a estação Oriente, peguei o Comboios de Portugal (CP) para Sintra, utilizando meu cartão de passe, portanto não paguei tarifa.

Sintra, conhecida como o Monte da Lua, é um lugar mágico e misterioso, a UNESCO a classificou como Patrimônio da Humanidade.

Decidi fazer uma pequena escalada e subi a pé até o Palácio da Pena, passando pelo Castelo dos Mouros. 

São 2,4 km de subida por trilhas pavimentadas e algumas áreas arborizadas, sempre com uma vista deslumbrante.

Embora o acesso ao palácio seja gratuito para portugueses e residentes aos domingos, como combinei com uma amiga, optei por não entrar.

Na volta, peguei um ônibus público, sem custo adicional, pois meu cartão de passe também é válido em Sintra. 

Minha garrafa d’água estava vazia, então parei em um bar, onde pedi água e acabei não resistindo, gastei  2,90€, com um pastel de nata.

Retornei de comboio directo a casa, pois amanhã de manhã estarei no aeroporto para encontrar uma amiga que está a se tornar portuguesa.

DESPESA DO MÊS COM BENS NÃO DURÁVEIS – 105,85€
(alimentos, materiais de limpeza e higiene, medicamentos, etc.)

DESPESAS DO MÊS COM SERVIÇOS – 61,34€
(internet móvel, conteúdos multimédia, livro digital, plano saúde, etc.)

TOTAL DAS DESPESAS – 167,19€ – Gasto por dia 15,20€ (11 dias)

CUSTO COM BENS DURÁVEIS – 103,79€
(equipamentos, utensílios, etc.)

(*) – São palavras utilizadas no português falado no Brasil.

UMA VEZ A CASCAIS …

Imagem por Carlos Pojo Rego.

Ontem fui a Cascais, a utilizar pela primeira vez os comboios (trens)* portugueses, não iria entrar no mar, só para matar a saudade de longe, já que não tenho a roupa adequada. 

Amanhã, vou comprar um calção de banho e uma toalha de praia.

Saí a pé de casa e fui até à estação de Santos, onde o comboio passa perto do cais do porto de Lisboa.

A estação não tem edifício, apenas uma plataforma descoberta, por isso usei o totem para passar o cartão-passe. 

Provavelmente, vão verificar novamente no comboio através de um funcionário.

Assim que me sentei no vagão, o cobrador veio com um dispositivo eletrônico para validar o meu bilhete.

Ao chegar a Cascais dei uma volta pelo centro cheio de mesas, restaurantes e lojas de souvenirs para turistas, sempre com as tradicionais pedras portuguesas nas calçadas.

Passei num mercado e comprei sumo (suco)* de laranja por 1,99€ e vi um enorme queijo camembert por 2,19€ ou R$12,15, muito barato mesmo.

Depois, fui ao museu da cidade e mais umas voltas à beira-mar, parei em uma praça para fazer o meu lanche, um sanduíche de queijo, sumo (suco)* de laranja e maçã. 

Voltei de comboio para a morada para almoçar minha comida favorita: espaguete ao sugo com queijo.

Após o almoço, procurei pela loja Decathlon para comprar o calção de banho, pois quero voltar a Cascais. 

Contrariando o ditado da minha infância, “uma vez em Cascais, nunca mais”.

Enquanto procurava a loja, começou a chover. 

Também estava a procurar o comboio para Sintra, onde planejo ir no domingo. 

Por coincidência, o comboio (trem)* estava na mesma estação Oriente onde eu tinha acabado de chegar, uma estação enorme.

Fiquei impressionado com a quantidade de pessoas sem abrigo com colchões e cobertores enfileirados ao longo de um corredor da estação. uma outra realidade escancarou na minha cara.

Amanhã de manhã, quando for a Sintra, passarei na Decathlon para finalmente vestir um calção.

E tomar banho de mar …

DESPESA MÊS – 163,49€

(bens não duráveis e serviços)

Gasto por dia – 16,35 (10 dias)

CUSTO MÊS – 22,99€

(bens duráveis)

(*) – São palavras utilizadas no português falado no Brasil.

TRANSPORTE PÚBLICO: BR X PT

Imagens do Google.

Com apenas 42 dias para minha mudança para Portugal e com o voo partindo da capital federal, decidi verificar o preço da passagem de ônibus da única empresa que faz esse percurso, a Goianésia, de Pirenópolis até Brasília, a cerca de 130 km de distância.

Para minha surpresa, o valor é de R $68,00 ou 12,69€ apenas para a ida. Uma viagem de ida e volta custa R $136,00 ou 25,38€.

Estou mencionando os valores em euros para comparar o custo desse transporte com Portugal.

Na região de Lisboa, por exemplo, o valor do cartão Viva para uso durante todo o mês é de 40€ para adultos e 20€ para idosos, como eu.

Quando comparamos os custos com o salário mínimo, a disparidade se torna ainda mais evidente:

No Brasil, um trabalhador que recebe um salário mínimo (13 salários por ano) precisa trabalhar quase 18 horas (R $136,00 da passagem / R $7,65 por hora trabalhada) para fazer uma única viagem de Pirenópolis a Brasília, ida e volta.

Enquanto isso, em Portugal, um trabalhador que recebe um salário mínimo (14 salários por ano) precisa trabalhar um pouco mais de 4 horas (20€ do cartão transporte mensal / 4,78€ por hora) para ter acesso ilimitado ao transporte público durante todo o mês, incluindo ônibus (autocarro)*, metrôs (metro)*, trens (comboios)* e bondes (Elevadores)*.

Em Portugal, o transporte é fornecido pelo governo, e com o cartão Viva, tenho acesso ao transporte em 18 Concelhos ao redor de Lisboa.

É impressionante como o transporte público em Portugal é acessível e eficiente em comparação com a realidade no Brasil. 

É um verdadeiro exemplo a ser seguido, especialmente quando há pessoas no Brasil defendendo a privatização total do transporte público.

Viva o transporte público acessível e eficiente de Portugal!

(*) – Após as palavras que estão entre parentes ou não, são escritas em português como é falado em Portugal.

VIAJANDO DE BICICLETAS NOS COMBOIOS EM PORTUGAL

Um requisito, para mim, que é fundamental que o comboio (trem) dê para transportar a minha bicicleta e assim possamos chegar a um sítio (lugar) sem um carro.

Como em Portugal o transporte de bicicleta num comboio é permitido mas não é garantido, o que pode ser frustrante e causar surpresas desagradáveis. Pois existem várias regras, horários e diferentes serviços para que a sua companheira de duas seja autorizada a viajar.

O Lisboa Para Pessoas preparou um guia com informações para como levar a tua bicicleta contigo numa viagem da CP (Comboios de Portugal). O transporte de bicicletas comuns ou elétricas é sempre gratuito. As bicicletas de carga não estão autorizadas.

Existem, no entanto, um conjunto de horários em que o transporte de bicicletas não é permitido nos Regionais e InterRegionais. O transporte de bicicletas e trotinetes (patinetes) é gratuito e permitido todos os dias e em todos os horários, dos comboios urbanos de Lisboa, Porto e Coimbra em todas as linhas. É aconselhado o transporte das bicicletas nas carruagens (vagões) e locais identificados para o efeito.

Para os brasileiros usar um sistema de comboios tão bom como o de Portugal é um luxo que infelizmente não temos no Brasil, com as exceções dos metrôs urbanos e dos sofríveis trens nas periferias de algumas cidades brasileiras. Nada ligando, como em Portugal do norte ao sul do país. Triste Brasil.

Fontes e Imagens: Carlos Pojo Rego