BRÊ NAS ESTRADAS

Imagem de Carlos Pojo Rego.

Quando estava no camping, conheci o Brê, um jovem que começou uma viagem com a sua bicicleta por Goiás, depois Brasil e até Ushuaia na Patagônia Argentina é conhecida como a cidade mais austral do planeta.  

Brê é vive em Planaltina, Goiás e sua profissão é barista, que é um profissional especializado em preparar e servir bebidas à base de café. Aliás tive a sorte de beber, duas vezes, do café especial que ele trouxe nos alforges da bicicleta, o Kalango Café, plantado em altitude (1.200 metros)  em Minas Gerais, com os grãos bem torrados. É um craque do skate, leva a sua inseparável mini prancha de rodas, bem junto à bicicleta por onde pedalar. No seu Instagram @procuradenovo, tem nos feeds, as manobras de skate, motos antigas e acabei de descobrir que é um grafiteiro de mão cheia.

Seus equipamentos, incluindo a bicicleta, tem sempre a sua mão a adaptar peças ou construí-las do zero. Tem um fogareiro à álcool que ele construiu com duas latas reutilizadas e adaptadas à nova função de boca de fogão. O quadro é das antigas e famosas Caloi 10 de corrida, lançado no mercado brasileiro em 1972.

Usa duas grandes alforges de moto nos dois lados das rodas traseiras e dois pequenos nas dianteiras, um no quadro e outro no guidão. Usa a mochila de trekking nas costas, que é também, uma mochila de hidratação com um reservatório de água de 2 litros.

Fico feliz de conhecer mais uma pessoa, que sai aberto para o mundo com a cara e a coragem. Sem buscar o melhor momento, aquele com mais segurança, com o equipamento da melhor qualidade, que na maioria das vezes nunca chega.

Brê tu és um bom exemplo para os jovens que muitas vezes têm vontade de fazer, mas nunca fazem. Ficam escondidos na zona de conforto e por isso, simplesmente jamais irão realizar seus sonhos. 

E sonhar é preciso. Meus mais sinceros parabéns.

MUDAR DE VIDA

Imagem de Carlos Pojo Rego

Mudei de vida por uma necessidade,  interior de não conviver com uma sociedade que, para mim, está muito doente. De uma vida “normal” que mantive durante anos, com trabalhos chatos, casamentos instáveis, filhos incríveis e netos inteligentes, passei gradativamente a abandonar minhas vidas passadas, a deixar para trás mulheres, filhos e cidades. Mas, na realidade demorei anos para perceber o que tinha de deixar para trás, os meus problemas, estavam dentro de mim, no âmago dos meus sentimentos e crenças. Não eram as mulheres, meus filhos e as cidades com quem vivia, era simplesmente eu. 

Esta percepção foi dolorosa e demorada, de assumir a responsabilidade total da minha vida. Mas hoje me sinto, pela primeira vez, consciente, que a busca terminou e agora tenho de traçar o meu caminho para aprender constantemente esse entendimento com o meu eu interno.

Além deste importante lado psicológico e filosófico de assumir o real controle da minha vida, estou focado na busca de um lado prático compatível com a minha proposta integral de vida de agora em diante.

NÃO vou mais fazer algo que não quero para que em algum futuro eu faça aquilo que quero. Tenho de fazê-lo no presente, aqui e agora. Ter em Pirenópolis, Goiás, Brasil, o máximo de boas e agradáveis experiências é o que eu quero.

Para o ano que vem, em Portugal, vou continuar a viver numa tenda, fazer as minhas refeições orgânicas e saudáveis, viajar de bicicleta, conhecer várias cidades e pessoas interessantes pelo caminho. Viver financeiramente a fazer o que eu quero e gosto, pedalar pelo mundo. Para isso preciso monetizar minhas redes sociais. Espero, sinceramente, além de me deliciar com essa vida, ajudar outras pessoas que com o meu exemplo de vida, possam interessar-se em viver de forma parecida. Não precisa ser nada radical, fazer pequenas mudanças, como ser  um pouco mais minimalista (menos consumo), orgânica e saudável (alimentação e exercícios físicos), sustentável (menos lixo) e com isso te proteger e também proteger o nosso planeta. 

Faço logo esta mudança, se quiser, pois a vida é curta.

MORO EM mim MESMO

Imagem de Carlos Pojo Rego

“Eu moro em mim mesmo. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho
menos lugares para perder as minhas coisas”, de Mário Quintana, que morou por décadas
em um quarto do Majestic Hotel, de 1968 a 1980, no centro de Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil.
Já faz uma dezena de anos que vivo com apenas duas mochilas e muitos poucos itens,
como; computador portátil, telemóvel (celular), máquina de cortar cabelo, canivete suíço,
tenda (barraca), saco-cama (saco de dormir), roupas de verão e inverno, com um pouco
mais de 50 itens. Minimalismo, conceitos de moda são meio perigoso, pois são
aproveitados por pessoas que não vivem com sentimentos o desapego da vida simples.
Não tenho mais nenhum bem. Meus livros foram doados a bibliotecas ou trocados em
sebos por novas leituras. Minhas moradas para as ex-mulheres, filhas e filhos. Tapetes e
quadros para irmão e filhos. Tudo já se foi para mãos melhores.
Com o projecto da grande viagem de bicicleta de Portugal a Noruega, vou aumentar meus
bens, ao adquirir 1 bicicleta, 4 alforjes, 3 bolsas, equipamento de cozinha, 1 nova barraca,
roupa de ciclista, acessórios de reparo da bicicleta. Enfim, um monte de tralha será
agregada ao meu patrimônio. Já me sinto um consumista inveterado, brincadeira, será
sempre a buscar o mínimo necessário de objetos, mas que eles sempre sejam de alta
qualidade, para poder viver a pedalar pelo mundo afora com segurança e conforto. Antes
desta grande viagem (Portugal à Noruega) vou estar a fazer alguns passeios pelos
arredores de Lisboa e da região do Alentejo no ano que vem.
Viver sempre o presente e sem pensar muito no futuro. Mas o futuro, como bem disse
Mahatma Gandhi – “dependerá daquilo que fazemos no presente”. Por isso que, hoje, o
bilhete de avião comprado para Lisboa, só de ida, é tão importante para o meu amanhã.
Pois concretiza o morar em Portugal a partir de 2024, próximo da linda costa mar do
Alentejo. Quem sabe em Vila Nova de Santo André, ou Aldeia dos Chãos, ou Porto Covo,
ou ainda, quaisquer outras tão belas.